xibalba


" Um dia e depois outro, uma hora e depois outra, um segundo e depois outro, numa sucessão infinita e indiferente. O espaço pode causar claustrofobia, mas o tempo consegue sufocar uma alma. Julgo sofrer o suficiente."

De promessas fiz lei e do agora um sempre. Com erros aprendi a melhor pessoa ser. Uns levo-os até ao fim como fruto de momentos irracionais; outros voltarei a cair exactamente, no mesmo sítio, da mesma altura. Estarei tão bem, com o peito tão inchado como estive. Com aquele brilho que só quem erra o tem. Se ficar até ao fim, se não baixar os braços, é uma forma de mostrar que acredito, então - amo-te.

Como se me tivessem expulso da cápsula para o meio do espaço - pareço a miúda que se perdeu dos pais na praia, a miúda que chora quando o amigo lhe tira o brinquedo - a lágrima rola sem perceber sequer, simplesmente porque é hábito e nada mais importa. É pelo chorar, é pela chantagem de chamar a atenção. Os adultos ficam logo com pena ou então dão logo tudo só para o berreiro parar. Se esperniar será que fico bem?!

Não aguento estes espaços de tempo preenchidos de nada,... açambarcar 24 horas para não pensar é impraticável. Quando a orelhinha encosta na almofada, é como se tivesse um sensor ligado às glândulas lacrimais. E acordar com os olhos pequeninos e fundos não é bom.

Como se tivesse bebido seiva da Árvore da Vida e ela me tivesse engolido... - não consegui imortalizar nada.

Se existem vários sentidos de entender as palavras, de compreender os conceitos, também para amar há. E não há arrepio que se compare ao sentir em lato sensu e não entender porque dói, às vezes, em stricto sensu. E com uma palavra tudo se resolve e com um abraço tanto que se entende. E eu cá continuo na ignorância completa...malditos braços que já não consigo moldar a mim. Malditos braços com 1,90m de comprimento....malditos braços que não me dão paz.

Perdida.

"As palavras não valiam nada, eram só palavras. Ela já existia antes delas. Ela continuaria a existir depois delas. Ela esqueceria todas as palavras , todas as perguntas, os sons aflitos. Ele fechava os olhos para não ter de ver o que quer que fosse que se mostrasse, e sentia uma terna dor abraçar-lhe o corpo."

Pedro Paixão, " Quase gosto da vida que tenho"



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