come to my window, crawl inside


Tranquei-a e levei junto comigo a chave para um local onde sabia que mais ninguém a descobria. Teimoso e sempre cheio de razão, descobriste, sopraste o pó de anos eternos do peitoril e, sempre com a certeza do que fazes, abriste a janela. Eu deixei e assisti a tudo.

Alturas há em que chove, dias frios e outros de breu completo. Mas não esqueço todos os dias em que o sol ofusca os meus olhos e me aquece o rosto. Assim como também não esqueço a quantidade de vezes em que me deixo aninhar nas nuvens ou quando me deixo abraçar pelas árvores. Tudo como se fosse um belo poema de Caeiro, bucólico e meloso como deve ser. Um poema em condições.

Uma janela que finalmente se abre depois de um corredor ter trancado cinquenta mil portas. Deixa entrar a brisa, e deixa o vento levantar os livros e os papéis espalhados. Só assim sei que é verdadeiro. Deixa a janela aberta...tem o fecho partido. Desculpa, fui eu que o parti.

Tudo isto para dizer que me fazes feliz.

Abro-te a janela dos meus sonhos - podes entrar.
Ah, afinal já cá estás :)


miss you love



Make room for the prey
'Cause I'm coming in
With what I wanna say but
It's gonna hurt
And I love the pain
A breeding ground for hate but...

I'm not, not sure,
Not too sure how it feels
To handle everyday
Like the one that just past
In the crowds of all the people

I love the way you love
But I hate the way
I'm supposed to love you back

And I miss you love

a um amigo mais do que especial.recordações de momentos que retornam sempre à memória na altura mais do que certa ;) gosto-te preto*

breu


Negro, hoje o mundo está PRETO!

...dia manhoso...

xibalba


" Um dia e depois outro, uma hora e depois outra, um segundo e depois outro, numa sucessão infinita e indiferente. O espaço pode causar claustrofobia, mas o tempo consegue sufocar uma alma. Julgo sofrer o suficiente."

De promessas fiz lei e do agora um sempre. Com erros aprendi a melhor pessoa ser. Uns levo-os até ao fim como fruto de momentos irracionais; outros voltarei a cair exactamente, no mesmo sítio, da mesma altura. Estarei tão bem, com o peito tão inchado como estive. Com aquele brilho que só quem erra o tem. Se ficar até ao fim, se não baixar os braços, é uma forma de mostrar que acredito, então - amo-te.

Como se me tivessem expulso da cápsula para o meio do espaço - pareço a miúda que se perdeu dos pais na praia, a miúda que chora quando o amigo lhe tira o brinquedo - a lágrima rola sem perceber sequer, simplesmente porque é hábito e nada mais importa. É pelo chorar, é pela chantagem de chamar a atenção. Os adultos ficam logo com pena ou então dão logo tudo só para o berreiro parar. Se esperniar será que fico bem?!

Não aguento estes espaços de tempo preenchidos de nada,... açambarcar 24 horas para não pensar é impraticável. Quando a orelhinha encosta na almofada, é como se tivesse um sensor ligado às glândulas lacrimais. E acordar com os olhos pequeninos e fundos não é bom.

Como se tivesse bebido seiva da Árvore da Vida e ela me tivesse engolido... - não consegui imortalizar nada.

Se existem vários sentidos de entender as palavras, de compreender os conceitos, também para amar há. E não há arrepio que se compare ao sentir em lato sensu e não entender porque dói, às vezes, em stricto sensu. E com uma palavra tudo se resolve e com um abraço tanto que se entende. E eu cá continuo na ignorância completa...malditos braços que já não consigo moldar a mim. Malditos braços com 1,90m de comprimento....malditos braços que não me dão paz.

Perdida.

"As palavras não valiam nada, eram só palavras. Ela já existia antes delas. Ela continuaria a existir depois delas. Ela esqueceria todas as palavras , todas as perguntas, os sons aflitos. Ele fechava os olhos para não ter de ver o que quer que fosse que se mostrasse, e sentia uma terna dor abraçar-lhe o corpo."

Pedro Paixão, " Quase gosto da vida que tenho"



for reasons unknown


Barulho. O gato ficou alerta esperando ver o que saía daquela porta. Tantas vezes sentou-se em frente a ela na esperança de a ver aberta. Tantos momentos para fugir e rumar ao desconhecido, com medo.... Deixou-se ficar, imóvel. À mínima ameaça sabia o que podia fazer: ou fugia ou atacava. Mas, por alguma razão estava calmo. Estava feliz sem razões para se preocupar em demasia.

A porta não se abriu. Por baixo, por uma portinha mais pequena, entrou na casa a gata da mesma dona. Os olhos que ele gostava tanto de sentir.

O gato suspirou - crise evitada.
- "Só chegaste a estas horas? Conta-me, o que andaste tu a fazer? Senti a tua falta!"
- "Eu também senti saudades de estar contigo. Não fui a lado nenhum em especial. Andei por aí a passear, a dar duas de letra, a petiscar, enfim..um dia bem passado".

- Está tudo bem, pergunta ele, certo da resposta.
-Claro que está, tu é que estás estranhíssimo.

O gato sabia que algo se passava, mas ainda assim, teve receio de estar mais alerta do que devia. Afinal de contas, instintos era com ele, ainda que por vezes se assustasse ao mínimo barulho, ainda que, por vezes, pinchasse a cada movimento que sentia. Afastou tudo da cabeça.

Os dias passavam-se, sempre iguais e sempre diferentes. Mas algo havia na gata que o intrigava. O olhar já não era o mesmo. Evitava-o a todo o momento. Sempre que ele a confrontava, ela respondia - "Tu é que estás estranho!" como se numa frase pudesse virar tudo a seu favor, com medo de lhe dizer algo que o pudesse magoar. Com medo de baixar a cabeça. Afinal de contas, admitia que ele tinha razão.
O gato continuou....meigo todos os dias, fazendo surpresas, deixando-lhe uma sardinha no prato, que ia procurar justamente para ela, ronronando de cada vez que por ela passava, deitando-se ao sol enquanto com aqueles olhos sonhava.

Até que chegou o dia em que ela lhe disse:
- "Sabes quando chego a casa e te pões, todo meigo, a fazer perguntas? Não gosto, cansas-me. Sabes a sardinha que costumas colocar todos os dias no meu prato? Pois é, enjoei de sardinha, já nem sequer a posso ver mais à minha frente, dá-me náuseas. Sabes quando passas por mim com o pêlo iriçado e ronronas? Não gosto. Está calor, e só me fazes sentir pior. E nos teus sonhos...sabes quando te deitas ao sol e sonhas comigo? Não sou eu. Deixei de existir para ti há muito."

Não ignorar os sinais.

I caught my stride.
I flew and flied.
I know if destiny’s kind, I’ve got the rest of my mind.
But my heart, it don’t beat, it don’t beat the way it used to.
And my eyes, they don’t see you no more.
And my lips, they don’t kiss, they don’t kiss the way they used to, and my eyes don’t recognize you no more.


the eternal sunshine of the spotless mind

“Blessed are the forgetful: for they get the better even of their blunders.”
FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900), in Beyond Good and Evil (Jenseits von Gut und Böse, 1886)

Acerca de conversas infindáveis e deliciosas acerca das lembranças e recordações de um passado que não mais existe, concluí que nada mais de puro há senão o amar, o gostar, o dar como se de nós mesmos se tratasse, como se uma metade fosse preenchida pelo bem querer - enfim, uma vida da qual abdicamos em prol de mais de um.

São lembranças e histórias que ninguém tira, que ninguém substitui pelas mais belas histórias de amor, ou qualquer coisa que a isso se assemelhe (por muito que as pessoas se enganem...). São pequenos frames que nos são impossíveis de eliminar, por muito que queiramos, por muito que a racionalidade e o amor-próprio nos digam que não podem estar lá. Vão ficar para sempre como qualquer tipo de experiência que nos marca a memória, como a primeira queimadura, a primeira dor, o primeiro tombo, ou o primeiro beijo. Sente-se como se fosse o primeiro e o último.

Tudo faz parte do processo.

E não queremos nem vamos retirar nada do lugar onde cada peça está no seu máximo equilíbrio. Impraticável mudar algo que aos nossos olhos foi perfeito e tão sincero. É o equilíbrio que todos precisam. O de sorrir lembrando. E é assim que sempre será. Não odiar, não esperniar e, principalmente, não desesperar. Nada vai mudar e tudo se altera. Porque, para melhor muda-se sempre - faz também parte do processo. O sol volta a brilhar, eu sei que volta. Dias cinzentos correm mas as nuvens arrastam tudo e todos - o que não interessa é eliminado.

Ficam, no entanto, partidas que a mente nos prega, e que tão bem sabem - fica a certeza de que já fomos princesas e que mais não havia a fazer. Um dever cumprido que sabe a pouco. Mas antes o pouco do que o nada,...

As mais belas histórias ficam, os momentos felizes ficam, as futilidades do quotidiano trazem alguma saudade, e nada há de melhor. Mudam os nomes, mudam os cenários, a dor é a mesma. E partilhada sabe a pedaço de céu. A doçura de cada momento recordada por quem de direito. Audazes!

É o que vos/nos engrandece, para sempre...

“(...) How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd; (...)”

ALEXANDER POPE (1688-1744), in Eloisa to Abelard (1717)


A duas mulheres que preenchem o meu sorriso...
A um ad finem.

amo-vos

mais uma burrice valente norte americana

E não é que íamos morrer todos e ninguém me avisava?!
Estava eu toda contente (ou não) a estudar os reais, quando se me depara a notícia de que um avião norte-americano sobrevoou o próprio país, com 6, repito, 6 bombas nucleares carregadas no mesmo?!

Epah, sempre defendi a máxima de que são estúpidos, mas isto é o escavanço da estupidez! Não posso crer! Íamos todos pelos ares...e não avisavam nada! Pah, tá mal! Quando muito diziam! Assim já sabia que não ia fazer o exame, podia parar de estudar, podia ir apanhar a minha berdoada com os amigos de sempre, e podia-me despedir de todos, assim como se não houvesse amanha....porque podia mesmo não haver!

Não posso crer! A minha alma está parva!

Idiotas....Não é de admirar que o Einstein se tivesse querido suicidar quando descobriu a bomba nuclear....

do you want to be my november?



Life is strange, such joy and pain
The betrayal and the kiss
It maybe meant to be, maybe destiny
Leads us down a path like this
Child is born, true love is sworn
All the in-between
Well you just walk on, walk on until the path is gone
Learning love is the only everything

Como se de uma nova era se tratasse, revejo os filmes que outrora me fizeram perder horas de sono e ganhar sorrisos. Se os via e sonhava um dia encontrar "um amor" que me fizesse viver tudo o que sempre quis sentir, vejo-os hoje com o sorriso - grata por acreditar em contos de fadas. Existem e há um só meu...pronto, não é só meu,...mas é como se fosse.

Finalmente inserida nas equipas de filmagem, no guião, no argumento, e no meio dos próprios actores. Sabia que tanta paixão pelo cinema me traria um dia alguma recompensa - o meu filme, perfeito, com uma fotografia irrepreensível, planos ambiciosos, nunca antes tentados, uma banda sonora de chorar a cada acorde, e um elenco de luxo.

E assim vivo os meus dias, todos os dias,... a compor a longa metragem, com todo o cuidado, sem falhas (algumas, não é? mas admissíveis) - escapam-me, mas tento emendar!... ainda vou no início.

Mas podia chamar-lhe "Sweet April, sweet May, sweet June, sweet July, sweet August, sweet September,...sweet every day-forever-at-least", que traduzido para a nossa bela língua de Camões daria qualquer coisa como "Sentes o mesmo?!"! :)


Repito a pergunta da Sara (Charlize Theron) no filme:
"Do you want to be my November?"

"This is it, life will never be better, or sweeter than this."

" November is all I know, and all I ever know"
Sweet November, 2001


who wants to live forever?



There's no time for us
There's no place for us
What is this thing that builds our dreams yet slips away
from us

Who wants to live forever....?

There's no chance for us
It's all decided for us
This world has only one sweet moment set aside for us
Who wants to live forever?

Who dares to love forever?
When love must die

But touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can have forever
And we can love forever
Forever is our today
Who waits forever anyway?


Quando o nada me enche de lágrimas e quando o tudo não me faz recordar.
Uma eternidade - não consigo.

Kurgan: So now it ends...
Connor MacLeod: There can be only one.
The Highlander, 1986