domingo


Há dias, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento - um vago agradecimento? - e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar.

Pedro Paixão, Assinar a pele (conto)

um outro melhor bom dia - amanhã, talvez


Receita para o 'enquanto':
  • Manter ambos os pés no mesmo sítio. Não um à frente e outro atrás.
  • Esquecer feridas, ignorar quando a cicatriz arde na pele, não lembrar do 'quanto doeu'.
  • Apreciar a doçura de um sorriso.
  • Responder a mensagens, enviar cartas e e-mails e ligar quando bem apetecer.
  • Dançar antes e depois de tudo, a qualquer hora (ainda que pareça estranho).
  • Ficar horas em silêncio e apreciar cada um dos 60 minutos.
  • Abraçar, pelo menos, 20 vezes por dia.
  • Começar o dia com um beijo.
  • Não remoer palavras.
  • Acordar serena.
  • Enviar os textos que escrevi para quem os escrevi.
  • Sonhar acordada e não fugir.
  • Sentir saudades e ignorar as borboletas no estômago.
  • Gostar hoje e gostar mais amanhã.
Odeio planos. Odeio prazos. Odeio horas certas. Como tal, não faço ideia do 'amanhã' nem fico demasiado inquieta com tal. Não gosto do 'se', odeio o 'talvez'. Menos gosto do 'amanhã, talvez'.
Por isso, quero andar na corda bamba e quero saber que nada é meu - com a certeza de dar e ir de coração aberto [se é que ainda me lembro].

Chegou o Outono e mudei de ideias. Afinal gosto de planos.

Enquanto for só ternura de Verão | Eu vou | Enquanto a excitação der para um carinho | Eu dou| Traz uma leveza | Ah, mas com certeza| Eu dou | Um outro melhor bom dia | Mas não ficará só a sensação de cor | Nem sei o que o coração irá dizer de cor | Se o Inverno for, depois, duro demais.

Enquanto for bom.