A INSUPORTÁVEL LEVEZA DE SER






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corropio


foto de Filipe Ventura Alves


Uma estrela ao nascer
é expansão em luz e brilho
E ser uma flor ao florir
é como o sol no teu olhar
uma chama imensa, o fogo eterno
incandescência em turbilhão.

Sou eu quem canta, eu quem dança, é o corropio do coração.

Uma estrela ao descer traz um desejo, um sincero crer
Neste céu a luzir, mapa divino a decifrar
como uma crença ou um apelo
a permanência da paixão.

Sou eu quem canta, eu quem dança, mas é teu meu coração.

E este desejar
que não acaba não.
Louco, procurar por algo que não seja em vão.

Uma estrela sem querer
E fui na vida
num profundo ser

com o seu reluzir
astro distante a flamejar.

Como uma dança, o fogo eterno, incandescência da paixão.

Sou eu quem lança ao mundo apelo
ao corropio do coração

E este desejar
que não acaba não
Louco, procurar o algo que não é em vão.

Dazkarieh 'Estrela de Cinco Pontas'


as palavras gastas

foto de António J.S.

(...)
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
(...)
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
(...)
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
(...)

Eugénio de Andrade

hoje e agora digo um adeus ao adeus