the eternal sunshine of the spotless mind

“Blessed are the forgetful: for they get the better even of their blunders.”
FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900), in Beyond Good and Evil (Jenseits von Gut und Böse, 1886)

Acerca de conversas infindáveis e deliciosas acerca das lembranças e recordações de um passado que não mais existe, concluí que nada mais de puro há senão o amar, o gostar, o dar como se de nós mesmos se tratasse, como se uma metade fosse preenchida pelo bem querer - enfim, uma vida da qual abdicamos em prol de mais de um.

São lembranças e histórias que ninguém tira, que ninguém substitui pelas mais belas histórias de amor, ou qualquer coisa que a isso se assemelhe (por muito que as pessoas se enganem...). São pequenos frames que nos são impossíveis de eliminar, por muito que queiramos, por muito que a racionalidade e o amor-próprio nos digam que não podem estar lá. Vão ficar para sempre como qualquer tipo de experiência que nos marca a memória, como a primeira queimadura, a primeira dor, o primeiro tombo, ou o primeiro beijo. Sente-se como se fosse o primeiro e o último.

Tudo faz parte do processo.

E não queremos nem vamos retirar nada do lugar onde cada peça está no seu máximo equilíbrio. Impraticável mudar algo que aos nossos olhos foi perfeito e tão sincero. É o equilíbrio que todos precisam. O de sorrir lembrando. E é assim que sempre será. Não odiar, não esperniar e, principalmente, não desesperar. Nada vai mudar e tudo se altera. Porque, para melhor muda-se sempre - faz também parte do processo. O sol volta a brilhar, eu sei que volta. Dias cinzentos correm mas as nuvens arrastam tudo e todos - o que não interessa é eliminado.

Ficam, no entanto, partidas que a mente nos prega, e que tão bem sabem - fica a certeza de que já fomos princesas e que mais não havia a fazer. Um dever cumprido que sabe a pouco. Mas antes o pouco do que o nada,...

As mais belas histórias ficam, os momentos felizes ficam, as futilidades do quotidiano trazem alguma saudade, e nada há de melhor. Mudam os nomes, mudam os cenários, a dor é a mesma. E partilhada sabe a pedaço de céu. A doçura de cada momento recordada por quem de direito. Audazes!

É o que vos/nos engrandece, para sempre...

“(...) How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd; (...)”

ALEXANDER POPE (1688-1744), in Eloisa to Abelard (1717)


A duas mulheres que preenchem o meu sorriso...
A um ad finem.

amo-vos

1 comentário:

inocência perdida disse...

Obrigada meu amor...de um obrigado sincero!

Um dia também terei saudades de Paris:)