Não te quero desvendar quantas gavetas enchi já de papéis, no desejo das palavras te lembrarem, não te quero falar dos meus sonhos ou da pele ou da carne imaginárias que procuro durante a noite, não te vou dizer que estremeço e tenho medo de trovões e nunca vais saber que gosto da chuva a bater-me na cara.
Nunca vais saber que cheiro o sabonete antes de entrar para o banho ou como eu gosto do teu sorriso. Nunca te vou contar a história de quando me enfiei com 2 anos num buraco e abri o meu lábio, porque nunca te vou mostrar que a cicatriz ainda se nota no meio do lábio. Nunca me vais ver a correr pela relva como uma menina, nunca vais saber que gosto de me descalçar no cinema. Nunca te vou mostrar os meus 27 relógios porque nunca vais saber que compro compulsivamente relógios, assim como nunca te vou contar que tenho cinco almofadas na cama.
Nunca vais saber que gosto de comer tostas em pé a ler revistas de moda. Não te vou dizer que tremo quando olhas para mim, porque também nunca te vou dizer que os teus beijos me deixam a tremer. Também nunca te vou dizer que quando ficas de boca aberta pareces um pateta. Nunca te quero dizer aquilo que espero que não te apercebas.
Porque se algum dia souberes de alguma coisa, coisas que eu nunca te vou dizer nem fazer nem contar nem mostrar, alguma das coisas que nunca vais saber... vais aperceber-te daquilo que não te quero dizer. E podes ir embora.
3 comentários:
Tão lindas as tuas palavras Lau... Até me vieram as lágrimas aos olhos...
Oh minha querida... fico sem jeito.
obrigada pelo miminho, leitora de mim*
só me falta ver esses relógios todos :)
o resto "logo se verá", porque eu não quero ir embora *
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