let's pretend




Let's not make it into a big thing
Let's not get lost in this
I know it is, I know we could
I guess we surely would
Let's pretend it's not
It doesn't mean a thing
Let's not blow it out of all sense
As though it meant so much
It's always thought about for weeks
Not every time your lips meet mine, I think of her
But when her hands reach out, I think of you

na palma da minha mão




tenho ciano, ametista, bronze, coral e quantum. sonhos meus quando o medo me deixa tombar. veias que me lembram quem és.
restos para deitar ao lixo, muitas linhas traçadas para escolher a que gosto mais. um coração a pulsar baixinho e vísceras envergonhadas.
sinto um formigueiro.
diz lá 'quem és tu, de novo' para te estender a mão.

Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga


Palma, sempre Palma.

a birra

Fartei-me de embirrar com todos.
Fartei-me de todos porque embirraram comigo.
Embirrei com lembranças e embirrei com as novidades.
Gastei lamentações e o silêncio aborreceu-me.
Voltei ao ontem, cansei-me, voltei ao hoje, não gostei, fiquei no limbo.
Quase destruí o computador pela impaciência, quando fiquei paciente, fartei-me de mim.
Fartei-me de falar e quando me calei, fartei-me mais um pouco de mim.
Saturei o espelho e ele saturou-me a mim.
Cansei-me de mim e o 'mim' também se cansou.
Entretanto perdi-me e não me vou chatear mais.

há birras e birras. esta foi uma daquelas.

2 bang bang


O que é que quer dizer uma menina gostar de um menino ou um menino gostar de uma menina? Quer dizer: fazerem tudo um pelo outro. O tudo é que pode ser maior ou mais pequenino. E o que quer dizer um menino gostar de uma menina que também gosta desse menino? Isso é o fim do mundo.

De vez em quando, muito de vez em quando, há um fim do mundo. O mais engraçado é que ninguém nota. O menos engraçado é que ninguém aprende. Isto é: ninguém sabe nem como começa nem como acaba, nem como se repete. Para dizer a verdade nem se sabe como dura um fim do mundo em que duas pessoas podem fazer tudo, são tudo, sem mais ninguém. Não está bem.

(…)

A vida não é assim uma sucessão de pequenos fins mas uma sucessão de pequenos milagres e não digo mais nada até tu chegares para te começar a morder. Só, só até doer.

(…)

Pedro Paixão, in Histórias Verdadeiras (Coração)

That awful sound, bang bang

the popping bubbles


Não te quero desvendar quantas gavetas enchi já de papéis, no desejo das palavras te lembrarem, não te quero falar dos meus sonhos ou da pele ou da carne imaginárias que procuro durante a noite, não te vou dizer que estremeço e tenho medo de trovões e nunca vais saber que gosto da chuva a bater-me na cara.

Nunca vais saber que cheiro o sabonete antes de entrar para o banho ou como eu gosto do teu sorriso. Nunca te vou contar a história de quando me enfiei com 2 anos num buraco e abri o meu lábio, porque nunca te vou mostrar que a cicatriz ainda se nota no meio do lábio. Nunca me vais ver a correr pela relva como uma menina, nunca vais saber que gosto de me descalçar no cinema. Nunca te vou mostrar os meus 27 relógios porque nunca vais saber que compro compulsivamente relógios, assim como nunca te vou contar que tenho cinco almofadas na cama.

Nunca vais saber que gosto de comer tostas em pé a ler revistas de moda. Não te vou dizer que tremo quando olhas para mim, porque também nunca te vou dizer que os teus beijos me deixam a tremer. Também nunca te vou dizer que quando ficas de boca aberta pareces um pateta. Nunca te quero dizer aquilo que espero que não te apercebas.

Porque se algum dia souberes de alguma coisa, coisas que eu nunca te vou dizer nem fazer nem contar nem mostrar, alguma das coisas que nunca vais saber... vais aperceber-te daquilo que não te quero dizer. E podes ir embora.