'quando for grande quero ser...


'juíza, para pôr os maus na cadeia' dizia uma Lau de 5 anos...

Pois...
sinto-me irritada, irada com a vida, se calhar um estado acentuado por ter ficado a 'trabalhar' até às 5 da manhã - sim, são cinco da manhã. E, como tal, e porque esgotei o meu pequeno núcleo de amigos que perdem paciência a ouvir-me, resolvi vir aqui para o meu cantinho cuspir meia dúzia de coisas. Desde já explico os parêntesis e o itálico Não, não se trata de práticas sexuais tardias, mas sim de uma transcrição de duas testemunhas i-ta-li-a-nas, com um intérprete exausto (como eu o entendo) que faz os possíveis para conseguir traduzir o que as criaturas dizem, sempre naquele tom 'cantado', como se tudo corresse bem na vida em Itália. [podem estar pelas ruas da amargura que me parece sempre que estão a cantar uma melodia qualquer :)] - 'a Drª estudou italiano, não foi? Então percebe melhor ainda...' - bota.

Ora, ao que tudo indica, e até agora, isto já parece um grave problema - transcrever inquirições de testemunhas. Ora vamos lá então reflectir... Tirei um curso, gosto do Direito, pedi aos anjinhos para que o meu primeiro processo não fosse relacionado com Reais nem com Societário [calhou-me propriedade horizontal, e horas a estudar se uma varanda é considerada parte comum ou exclusiva - sumário: é magia, ninguém sabe, ninguém tem a certeza], gosto de fazer petições, contestações, recursos, coisas de advogados, as coisas mais insignificantes e fáceis que para nós, advogados-estagiários, são dádivas. Estou a transcrever inquirições de testemunhas. Sou, basicamente uma 'Drª' com sorte. Para quem não sabe, e ainda bem que não sabe..., é pegar numa gravação manhosa e transcrever linha por linha em suporte papel. Uma pinta.
Ora, com respeito a todos os doutos e ilustres advogados da nossa praça, com muito muito respeito [ainda não fiz o exame de Deontologia, mas já sei o que quer dizer], tenho apenas uma coisa a dizer : isto não se faz.

Ponto dois: a qualidade do som e os microfones comprados em segunda mão, quiça a um arguido - valha-me... Para os leigos no Direito e nestas coisas [Abençoados!] informo que, para além de termos que ouvir aquelas fracções de segundo vezes sem conta para tentar perceber as palavras por trás de um ruído estranhíssimo, como se estivessem a esfregar a porcaria do microfone, e - pasmem-se - as músicas que estão a passar na rádio (:|), reviro os olhos sempre que falam acima de x décibeis, em que parece que o pc e os meus ouvidos vão explodir. Estou, portanto, bastante satisfeita por ter passado dia e meio a ouvir 2 horas. Só faltam mais duas.
Nota: na última hora a testemunha falou por cima de um 'I need a hero!' da Bonnie Tyler - fantástico, vou ficar maluca.

Ponto três: perdoem-me a minha panóplia de amigos e família magistrados [já sei que vou levar nas orelhas], e já sei também que, graças a Deus não são todos iguais [nem os advogados!], mas tanta 'Excelência', 'se Vossa Excelência o permitir' e (a melhor) 'Sr. Dr., com a devida vénia' tiram-me do sério. Não basta dizer só no início e o juíz já fica a perceber que os advogados reles o respeitam muitíssimo?! Eu gostava que me tratassem um dia em tribunal, por 'Sua Excelência Ilustre Advogada' - afinal de contas, também tirei um curso de Direito :p
Com a devida vénia senhores.... :)

Estou a ficar sem neurónios e pior,
nem eles estão a gostar da causa da morte.
A tentar descontrair... I need a hero!




2 comentários:

Root disse...

Tens razões para estares contente, afinal de contas ter o previlégio de ouvir a Bonnie Tyler durante o trabalho não é para todos... grande senhora do fado americano... isto se os americanos tivessem lá fado nacional...

Root disse...

Tens razões para estares contente, afinal de contas ter o previlégio de ouvir a Bonnie Tyler durante o trabalho não é para todos... grande senhora do fado americano... isto se os americanos tivessem lá fado nacional...